terça-feira, novembro 16, 2004

Gabriel Garcia Marquez I





"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem.

Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes - te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.

Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.

É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver."

Gabriel Garcia Marquez, commented by Hilikus

17 Comments:

At 11/16/2004 1:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito boniot... é isso mesmo... um beijo grande. Elsa (http://delirios2004.blogs.sapo.pt)

 
At 11/16/2004 9:31 da tarde, Blogger Esther said...

Visitei teu canto..descansei de um dia duro, com algumas inquietações pessoais..ouví e adorei as músicas.
já agora dá para continuar a vida..Bj

 
At 11/16/2004 10:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo texto que escolheste! Mostra que por vezes não damos o devido valor a tudo o que nos rodeia , nem sequer ao sol que nos bate na janela todas as manhãs! Até que um dia despertamos como tu despertaste! Obrigado pela visita! monica(mco.blogs.sapo.pt)

 
At 11/17/2004 9:13 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Olá!
Adorei este teu post, está muito bonito e dá-nos muito que pensar!!
Obrigado pela tua visita ao meu cantinho, aparece sempre que quiseres!
Fica bem :)

Perdidas nas palavras
www.perdidanaspalavras.blogs.sapo.pt

 
At 11/17/2004 9:38 da manhã, Blogger Amita said...

Excelente escolha a deste texto de Gabriel Garcia Marquez. Desejo(s) que passam ao largo de tanta gente ocupada com suas vidas, sem mais nada ver. Cegas e mudas para a beleza que as rodeia. Bjos Amita//brancoepreto.blogs.sapo.pt

 
At 11/17/2004 9:38 da manhã, Blogger Amita said...

Excelente escolha a deste texto de Gabriel Garcia Marquez. Desejo(s) que passam ao largo de tanta gente ocupada com suas vidas, sem mais nada ver. Cegas e mudas para a beleza que as rodeia. Bjos Amita//brancoepreto.blogs.sapo.pt

 
At 11/17/2004 2:09 da tarde, Blogger Crepúsculo Maria da Graça Oliveira Gomes said...

Adorei este texto achei de muito bom gosto, acho que é bom existir pessoas com bons gostos para nos deliciar-mos com as leituras de seus posts.
Um abraço

 
At 11/17/2004 8:34 da tarde, Blogger A Cúmplice said...

gabriel garcia marquez...adoro*

 
At 11/17/2004 11:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Parabéns, vim retribuir a tua visita e adorei o que vi e o que li. Este texto é excelente, muitas verdades se dizem nele. Fica bem beijoca grande Miss Luxuria

 
At 11/18/2004 2:10 da manhã, Blogger o rapaz said...

o peido esteve aki a contaminar o teu blog :p anda-te peidar no meu

 
At 11/18/2004 2:12 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Tenho um desejo....

Deixa os textos do Pablo Neruda,e começa tu a escrever qualquer coisinha...

Abraço.

 
At 11/18/2004 2:16 da manhã, Blogger Å®t Øf £övë said...

Boas Peter,

Há um novo blog que precisa da tua visita:

http://liscinderella.blogspot.com/

Eles são como os cogumelos,não param de aparecer!!!

Abraço.

 
At 11/18/2004 10:20 da manhã, Anonymous Anónimo said...

oix gostei da esolha deste texto.. é dificil por vezes apreciar essa beleza qd há tanta coisa feia a encobri-la.... para qd um texto teu? beijos
http://www.soproslunares.weblogger.terra.com.br/

 
At 11/18/2004 7:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Simplesmente "libertar" emoções...
Uhhh,que estranho peter...!!!

 
At 4/17/2009 1:26 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Muito bonito esse texto,mas a sua autoria não é de Gabriel Garcia Marquez...o autor é Johnny Welch.

Gabo tem outro estilo de escrita,muito diferente.Mas o texto é bonito sim.

 
At 2/03/2011 1:29 da manhã, Anonymous Anónimo said...

eu adoro esse texto.
a empresa em que trabalho tem o ultimo trecho colado em cada porta de seus imensos predios!
foi ai então que despertou a minha curiosidade para este texto maravilhoso.

 
At 9/06/2011 1:25 da tarde, Blogger ArteSã Blog said...

Olá...
Infelizmente, esse texto NÃO É do Gabo. Foi escrito por Johnny Welch.

"... Desde 1999, circula pela Internet poema atribuído ao escritor colombiano Gabriel García Márquez ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1982. O poema é intitulado La Marioneta ou "A despedida de Gabriel García Marquez" e é apócrifo. ..."

"... O próprio escritor (GGM) desmentiu, posteriormente, as duas coisas: não se encontrava em estado terminal e não havia escrito a tal despedida. Confirmou, no entanto, que estava se submetendo a tratamento contra câncer linfático. (Em setembro de 1999, ele internou-se numa clínica de Los Angeles.)

"... Segundo a Crônica do falso adeus de Orlando Maretti, "Gabriel García Márquez, ou Gabo, para os amigos, [...] não apenas negou, pela imprensa, que estivesse em estado terminal como também espinafrou a pieguice do texto e seu autor, identificando-o como um subliterato latino-americano. Em recente entrevista ao jornal espanhol El País, o escritor colombiano lamenta a repercussão do texto."
http://www.quatrocantos.com/LENDAS/31_marioneta.htm

Um abraço,
Simone Salles

 

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